A profissão, por anos tratada como ‘hobby’, foi regulamentada em 2015 e hoje conta com 228 mil profissionais cadastrados e movimenta R$ 50 bilhões por ano; artesã conta sua trajetória até se consolidar na carreira
O que muitos encaram como um ‘hobby’ ou uma forma de aliviar o estresse, para milhares de pessoas é a principal fonte de renda. O artesanato representa uma parcela significativa da economia brasileira, com mais de 228 mil profissionais cadastrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), movimentando cerca de R$ 50 bilhões por ano, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Regulamentada apenas em 2015, a profissão de artesão pode abranger um número ainda maior de trabalhadores que vivem na informalidade. Trata-se de uma atividade predominantemente manual, que pode ser exercida de forma individual, em associações ou cooperativas, e vem crescendo cada vez mais no Brasil.
Atuando há 10 anos no mercado de saboaria, perfumaria artesanal e produtos personalizados, Ana Paula Fazano trocou seu emprego em uma loja de decoração para se dedicar ao próprio negócio, a Bonheur. “Sou formada em design de interiores e produtos e trabalhava em um escritório de decoração, mas estava desanimada, pois não via evolução, nem crescimento financeiro”, conta.
Foi então que, por intermédio da mãe, começou a conhecer o mundo da saboaria. “Descobri que era um mercado muito mais amplo do que imaginava, com várias possibilidades. Comecei com um sachê perfumado, vendendo para amigos. Eles começaram a pedir outros produtos e, então, pensei que esse mercado teria potencial.”
O negócio foi crescendo até que Ana Paula decidiu sair do emprego e se dedicar somente à Bonheur, que hoje se tornou uma micro empresa e completa 10 anos em abril. A artesã se profissionalizou e vem ampliando cada vez mais a linha de produtos.
“Busquei especialização, fiz alguns cursos, pesquisei muito. Hoje vivo exclusivamente da Bonheur. Trabalho com personalizados para casamento, batizado e aniversário, além da saboaria, velas, aromatizadores, perfumes para ambientes, lembrancinhas, e com a aromatização de eventos, que está em alta no mercado.”
Fornecedores
Um dos desafios de artesãos e pequenos empreendedores que trabalham com economia criativa está na busca por fornecedores. “Demorou muito para chegar até os fornecedores atuais, pois quero sempre trabalhar com produtos de excelência e qualidade, priorizando fornecedores locais, foi uma pesquisa bem longa”, explica Ana Paula.
Artesãos, como Ana Paula, movimentam a economia local, com a comercialização de insumos para a produção dos materiais. De acordo com Nivaldo Madureira, diretor de negócios da Papelaria e Livraria Pedagógica, atualmente, cerca de 20% das vendas da loja são destinadas a empresas de diversos portes e segmentos, incluindo profissionais que produzem peças artesanalmente.
“Como trabalhamos com uma ampla variedade de produtos de papelaria, pintura, modelagem, entre outros, nos tornamos fornecedores fiéis para micro e pequenas empresas locais que produzem artesanato e itens personalizados. É um mercado em constante evolução e estamos sempre nos atualizando para atender cada vez melhor esse setor”, destaca.
O lojista afirma, ainda, que um dos objetivos para o próximo período é ampliar a venda direta para profissionais do segmento, especialmente a partir do e-commerce. “É notável o crescimento na procura por itens artesanais e personalizados. Diante disso, temos buscado formas de alcançar mais profissionais e acreditamos que a internet pode ser uma importante aliada nesse processo”, finaliza.