Com público mais seletivo e menos presente nas noites, profissionais da música, produtores, motoristas de app e até pequenos fornecedores enfrentam uma nova realidade. Setor busca se adaptar, mas impactos já são sentidos.
Por Rafael Benitez
A vida noturna em transformação não afeta apenas bares e baladas. Músicos, DJs, técnicos de som, cozinheiros, garçons, seguranças e motoristas de app fazem parte de uma engrenagem que depende do movimento das noites para sobreviver. Com a queda no fluxo e o público mais exigente, muitos enfrentam incertezas — e uma pergunta paira no ar: como sobreviver nesse novo cenário?
Menos shows, menos cachês
Com a diminuição de eventos tradicionais e casas lotadas, músicos e DJs relatam queda no número de contratações e na remuneração. A informalidade do setor agrava a situação.
O que antes era uma agenda cheia sexta e sábado, agora virou uma luta para fechar uma ou duas datas no mês. E os cachês estão menores.
Aplicativos de mobilidade também sentem o baque
Menos gente saindo à noite significa menos corridas, principalmente em horários que antes eram os mais lucrativos. O horário de pico entre meia-noite e 3h da manhã praticamente sumiu.
Dos bastidores à cozinha: todo mundo é afetado
Garçons, seguranças, cozinheiros e fornecedores de bebidas e insumos para bares também enfrentam a queda do movimento. Muitos estabelecimentos reduziram o número de funcionários ou o horário de funcionamento para cortar custos.
Antes, se vendia lotes inteiros de bebidas para casas noturnas. Agora, o pedido é mais pontual, focado nos finais de semana. O giro caiu bastante.
Hora de se reinventar: os que apostam na experiência resistem melhor
Quem tem conseguido manter bons números de público e faturamento são os espaços que apostaram em diferenciação: eventos temáticos, experiências gastronômicas, ambientações criativas e marketing bem direcionado.
Trabalhar com conceito e identidade virou essencial. Não basta vender bebida e som. É preciso criar algo que conecte com as pessoas.
O impacto da mudança na vida noturna vai além da pista vazia. Ele atinge centenas de profissionais que vivem desse mercado e que agora enfrentam um cenário incerto. A reinvenção é urgente, mas também precisa ser coletiva. Apoiar projetos inovadores e valorizar os profissionais da noite é um passo importante para manter a cultura viva — mesmo que em novos formatos.
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