Confiança em tempos de incerteza: o desafio das marcas no Brasil

Confiança em tempos de incerteza: o desafio das marcas no Brasil

Por Mariana Scalzo, Diretora de Comunicação da Divisão Brasil da Arcos Dorados

Quase metade dos consumidores brasileiros (47%) afirma não confiar nas marcas. O dado, levantado pela Orbit em um estudo recente, expõe uma realidade inquietante: confiança não é garantida, é conquistada a cada interação. O consumidor busca coerência entre promessa e entrega e, quando percebe inconsistências, não hesita em expor sua decepção nas redes sociais ou no boca a boca.

Mas confiança sozinha não explica o cenário do consumo no Brasil. Outro estudo, o Future Consumer Index, da EY, traz um dado interessante, que coloca luz à dúvida se o brasileiro busca apenas por autenticidade: o consumidor escolhe produtos muito mais por preço e conveniência do que por tradição, qualidade ou publicidade. O resultado? Um consumidor pouco fiel às marcas e cada vez mais disposto a experimentar alternativas, inclusive, marcas próprias.

Juntas, as duas pesquisas apontam para um mesmo caminho: a relação com marcas está mais desafiadora do que nunca. Para conquistar espaço na vida das pessoas, não basta apenas entregar o básico — preço competitivo ou conveniência — nem se apoiar na força de uma reputação construída no passado. É preciso somar os dois: entregar valor real e, ao mesmo tempo, mostrar com clareza e coragem como esse valor é construído.

É aqui que a transparência faz toda a diferença. No McDonald’s, acreditamos que confiança não cabe apenas em discursos institucionais. Ela precisa estar ao alcance das pessoas. Foi com essa visão que nasceu o programa Portas Abertas, que convida qualquer cliente a conhecer as cozinhas, por dentro, e como são preparados nossos alimentos. E o impacto é claro, pois 97% dos clientes que participaram da visita relataram que a experiência transformou positivamente sua percepção sobre a marca. É simples, mas poderoso: em vez de apenas contar como fazemos, mostramos como é feito.

Num cenário em que o consumidor pesquisa preços, troca de marcas com facilidade e testa alternativas, só há um caminho possível: ser radicalmente transparente. Abrir as portas, literalmente, para que o cliente veja como cada detalhe é cuidado.

Se o brasileiro valoriza a conveniência, mas desconfia das marcas, talvez a resposta esteja em equilibrar os dois mundos. Porque confiança não se compra em promoção, se constrói com consistência, todos os dias.

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