Capacitação prevista na NR-35 é fundamental para evitar quedas, que seguem entre as principais causas de mortes relacionadas à acidentes do trabalho
As quedas em altura continuam entre as principais causas de acidentes de trabalho no Brasil. Dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que elas representam cerca de 40% do total de ocorrências, um índice alarmante que acende o alerta especialmente para setores como construção civil e manutenção, onde o risco é constante.
Em 2024, o país registrou 724.228 acidentes de trabalho, segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT). Embora a maioria tenha resultado em afastamentos de curta duração, o impacto sobre a saúde dos trabalhadores, a produtividade e os custos sociais são expressivos, o que reforça a necessidade de investir em prevenção e capacitação.
Para o engenheiro de segurança do trabalho, Rodrigo Soravassi, que atua na Trabt Medicina e Segurança do Trabalho, o treinamento adequado é o ponto central para reverter esse cenário. “Os acidentes em altura seguem como uma das principais causas de mortes no trabalho no Brasil. Os perigos vão além da queda do trabalhador, envolvem também a queda de ferramentas, instabilidade em estruturas e o uso incorreto dos equipamentos de proteção”.
Soravassi lembra que a Norma Regulamentadora 35 (NR-35) estabelece capacitação obrigatória para quem realiza atividades em altura. “O treinamento ensina a identificar riscos, utilizar equipamentos de forma segura e adotar medidas preventivas. Isso cria uma verdadeira cultura de segurança e é isso que salva vidas”.
O engenheiro alerta ainda para uma prática comum, mas arriscada, no ambiente corporativo, entregar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) sem o devido treinamento. “Fornecer um cinto de segurança sem ensinar o uso correto é perigoso. Sem saber ajustar ou inspecionar o EPI, o trabalhador continua exposto ao risco, mesmo acreditando estar protegido”.
A reciclagem periódica é outro ponto fundamental previsto pela NR-35. “A norma exige a renovação do treinamento a cada dois anos, justamente para manter os procedimentos ‘frescos’ na memória. Essa atualização permite revisar práticas, conhecer novos equipamentos e corrigir vícios que podem comprometer a segurança”, explica Soravassi.
A combinação entre capacitação, planejamento e fiscalização é o caminho para mudar o quadro atual. “Planejar as atividades em altura, realizar análise de risco, adotar sistemas de proteção adequados, supervisionar o trabalho, manter os equipamentos e promover treinamentos teóricos e práticos são medidas que reduzem acidentes de forma efetiva. Quando empresas e trabalhadores atuam juntos, a curva de acidentes finalmente começa a cair”.