Sororidade foi tema do primeiro encontro do Núcleo CONFEM de Sorocaba

Sororidade foi tema do primeiro encontro do Núcleo CONFEM de Sorocaba

Evento que visa fortalecer mulheres no mercado de trabalho aconteceu nesta terça-feira (26), no auditório da Escola SENAI Luiz Pagliato   

O Núcleo CONFEM Sorocaba (Conselho Superior Feminino da Fiesp) realizou, na última terça-feira (26/08), seu primeiro encontro voltado ao fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho. O evento, sediado no auditório da Escola SENAI Luiz Pagliato, reuniu cerca de 60 mulheres da indústria e de outros setores em torno da palestra “Sororidade – Enfrentando o wollying (violência psicológica e exclusão entre mulheres)”, ministrada pela executiva Andréa Rocha Carvalho, com mais de 20 anos de experiência no setor de Transporte e Logística e reconhecida como mentora e defensora da inclusão e da liderança feminina.

A abertura contou com a participação de Erly Domingues de Syllos, diretor regional do Ciesp Sorocaba, e de Alison Aguiar, coordenador de atividades técnicas da Escola SENAI Luiz Pagliato.

Aguiar destacou o crescimento da presença feminina na escola: “Hoje, mais de 35% dos 1.100 estudantes do SENAI Luiz Pagliato são mulheres, ocupando espaço em áreas de tecnologia e inovação. É um reflexo do aumento da participação feminina em cursos tradicionalmente masculinos e da importância de criar eventos que incentivem a sororidade e a união entre mulheres.”

O diretor regional do Ciesp Sorocaba reforçou a relevância do evento para a região. “Há 40 anos, quando uma mulher entrava no SENAI, não havia nem banheiro feminino, pois o ambiente era quase exclusivamente masculino. O SENAI sempre foi um lugar de formação profissional e sediar este encontro aqui reforça a importância de promover a inclusão, valorizar o protagonismo feminino e criar oportunidades de crescimento para todas. Esse evento simboliza a união e a força de um movimento que veio para ficar”, ressaltou Syllos.

A palestra começou sua apresentação com uma abertura musical, em que Andréa Rocha Carvalho tocou a música “Era Uma Vez”, de Kell Smith, destacando o refrão:”É que a gente quer crescer. E quando cresce, quer voltar do início. Porque um joelho ralado, dói bem menos que um coração partido”

Segundo a palestrante, a música foi escolhida para criar uma conexão emocional entre as participantes. “Escolhi essa música para trazer um momento de sensibilização e para tocar o coração de todas, incentivando que todas sejam cura umas para as outras e reforçando a importância da sororidade entre mulheres.”

Para a coordenadora do CONFEM Sorocaba, Milena Rodrigues, o encontro foi pensado como um marco para a região. “Nosso objetivo era começar a trazer mais eventos para Sorocaba, criando networking, conexões e reflexões que fortaleçam o vínculo entre mulheres na região. Esse ambiente industrial é muito masculinizado, mas hoje temos muitas mulheres inseridas nele, e precisamos criar espaços para escuta, apoio e união.”

Milena também ressaltou a importância do tema escolhido:”Queremos quebrar ciclos de rivalidade e trazer luz para a importância da empatia, da escuta e da construção coletiva entre mulheres. Esse tema foi um presente, principalmente por marcar o nosso primeiro evento aqui em Sorocaba. Quando uma mulher apoia a outra, todas avançam. E é esse o futuro que queremos construir: de mãos dadas, abrindo espaço e crescendo juntas.”

A palestrante Andréa Rocha Carvalho destacou também a importância de discutir o wollying de forma educativa: “O wollying nada mais é do que o bullying entre mulheres. Muitas vezes, nós cometemos esse tipo de agressão de forma inconsciente — seja pelo isolamento ou pela exclusão — e só percebemos quando nos conscientizamos do que realmente se trata. Isso pode gerar traumas profundos em quem sofre, mas também afeta diretamente as empresas, prejudicando o clima organizacional, aumentando o turnover, reduzindo a produtividade e levando à perda de talentos. Além disso, o wollying pode causar ansiedade, depressão e, em casos extremos, até o suicídio. É mais do que necessário falar sobre isso, porque só através da consciência conseguimos nos policiar todos os dias. E a sororidade, o apoio entre mulheres, é justamente o caminho para combater essa prática.”

O evento contou com o apoio do Seconci-SP (Serviço Social da Construção). Para a gerente regional da instituição, Ester Gonçalves, o debate reflete valores essenciais de inclusão e equidade: “O Seconci-SP prima pela saúde e pelo bem-estar das pessoas, sempre com um olhar inclusivo. Atuamos em um setor, a construção civil, ainda majoritariamente masculino, o que nos faz compreender as barreiras que muitas mulheres enfrentam. Precisamos de sororidade para apoiar e trazer mais mulheres para cargos de gestão. Hoje, na nossa instituição, temos maioria de mulheres entre os colaboradores, mas ainda há um predomínio masculino nos cargos mais altos. Isso precisa mudar.”

O encerramento foi marcado por mais uma música “O Mover do Espírito”, e a palestrante pediu para que as mulheres fechassem os olhos enquanto eram tocados trechos da canção. Ela deixou a seguinte mensagem:”Quero que valorize o que você tem. Você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus”.

Entre as participantes, a receptividade foi positiva e marcada por relatos de identificação com o tema. Patrícia Arruda Schmacher, analista de RH da empresa JSL, destacou: “Eu nunca tinha ouvido falar desse tema. A gente sempre vê falar sobre bullying, mas não desse específico. Eu acho excelente e também acredito que mais homens deveriam participar, porque não é algo que fique restrito só a nós mulheres. Nós vivemos isso diariamente e muitas vezes nem percebemos que estamos repetindo. No RH, é interessante abordar isso nas empresas, porque rotatividade alta e afastamentos poderiam ser evitados. O conhecimento é sempre fundamental.”

Marina Vieira, consultora de tecnologia do SENAI, que também foi apoiador do evento, comenta: “O termo wollying é novo para mim, mas representa uma realidade que quase todas as mulheres já vivenciaram. Muitas vezes, críticas e julgamentos recaem sobre características pessoais de mulheres no trabalho, algo que homens não sofrem. Achei muito importante a forma como a palestrante abordou isso, mostrando que entre mulheres também existe essa questão estrutural, quase um machismo estrutural, de criticar outra mulher pelo fato de ser mulher. É diferente de qualquer outro tipo de crítica ou bullying e é fundamental que seja discutido.”

Próximo encontro

O CONFEM Sorocaba já confirmou que o próximo encontro será em setembro e terá como foco o tema “Independência financeira da mulher”. Outras informações sobre esse e demais encontros podem ser obtidas junto ao Ciesp Sorocaba, pelos telefones (15) 4009-2900 e (15) 99178-4640, pelo e-mail ciesp.sorocaba@ciesp.com.br ou no site www.ciespsorocaba.com.br.

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